J & M

...
- Quantas vezes eu preciso dizer à você que eu te amo ?
- Esse é o problema, não precisa dizer, não quero que diga porque eu não sinto o mesmo. Julius por favor entenda, eu... eu não te amo.
- Então é isso? você tem certeza do que está dizendo não é?
- ...
- Você tem certeza do que está dizendo Miranda?
- Sim, tenho. Perdão se dei a entender que seria diferente disso. Não estou pronta para começar um romance.
- Poderia ser diferente, mas se é assim que deseja é assim que vai ser.
- Adeus Julius.
- Adeus Miranda. Adeus!... Ei, Miranda?
- Oi?
- Fique sabendo que se você continuar agindo assim, nunca vai estar pronta!
- Infelizmente ou não, eu sei disso. Agora preciso desligar, preciso voltar ao meu trabalho. Tchau.

Ela desligou.

Meu nome é Julius e Miranda se mudou para o apartamento em frente ao meu á um ano. No início ela era só uma garota, mas estou apaixonado por ela  faz alguns meses.
Eu moro com a minha mãe e minha irmã mais nova e a Miranda? Miranda mora sozinha. Eu tenho 17 anos e ela 23.

Tudo começou  dois meses depois que ela se mudou, nos encontramos em uma festa, bebemos e acabei parando no apê dela. Depois teve a segunda parte dessa festa e lá estávamos, e rolou de novo. Depois disso marcamos de ir em bares com amigos e rolou mais uma vez e mais uma.
Naquela festa só podia entrar maiores de idade, mas o dono da festa era irmão de um amigo meu, que me deixou entrar, então ela achou que no mínimo eu teria 18 e pela a minha aparência ( forte, alto e musculoso) ela achou que eu tivesse 20. Então nossa primeira "discussão" foi por isso...

- O que? Você está me dizendo que tem 17 anos? DEZESSETE? Não estou acreditando nisso... eu, Miranda Müller, sou praticamente uma pedófila ou no mínimo uma papa anjo.
- Você não perguntou minha idade, na verdade você não perguntou nada sobre mim. Apenas meu nome.
-  No mínimo você teria que ter dezoito anos para entrar naquela festa e sua aparência é de dezenove ou vinte anos.
- Exatamente. Você ficou mais interessada no meu corpo e então caiu na minha lábia.
- É melhor você ir para casa, são 10hrs e sua mãe deve estar preocupada com você.
- Só porque agora você sabe minha idade vai me tratar como uma criança? A algumas horas atrás você estava me chamando de "papai" não é mesmo?!.
Ela me tacou uma almofada
- Isso mesmo, agora é diferente.
- Ué, cadê aquela garota de mente aberta, sem preconceitos...? cadê?
Ela ficou em silencio e eu fui para a minha casa.
Foi ai que começou o problema. Ficamos dois dias sem nos ver e depois quando nos víamos no corredor eu estava com a minha irmã ou minha mãe então só nos cumprimentávamos como apenas vizinhos e nada mais.  No final de semana seguinte nos encontramos em outra festa, dei em cima dela mas ela se fez desinteressada então fiquei com outras garotas e ela com outro cara, mas ele depois pediu mais e ela não quis ai ele tentou forçá-la e eu, sendo eu, fui defendê-la. Eu e o babaca começamos a discutir e então a brigar, feio. Eu levei a melhor e fomos expulso da festa. Miranda veio atrás de mim e então... acabamos num hotel duas ruas depois da festa. E logo virou rotina a gente se pegar em alguns finais de semana, quase todos.

Alguns meses nisso e não conseguia mais tirar ela da minha cabeça. Miranda é uma garota de personalidade forte, cursa moda em uma das melhores universidades do país e faz estágio em uma das revistas mais populares. Eu estou no último ano do ensino médio, minha maior e única nota é 9 (em educação física) e sou o típico baladeiro... pegador.

O problema da Miranda é que ela se acha dona da razão, na verdade ela se acha dona de tudo e eu não aceito ficar por baixo então a gente acaba discutindo, ou brigando feio. O bom é que sentimos uma enorme atração um pelo outro, ou pelo menos sentíamos até ela começar a me ignorar.

" - O que está acontecendo com você Miranda?
  - Nada, apenas me beija.
  - Me diga ai então eu vejo se posso te beijar ou não.
  - Então não precisa mais, pode ir embora.
  - Ei, calma ai menina malvada. mantenha a calma e apenas me diga porque você está tão fria assim?
  - Não estou fria. Sou assim e ponto.
  - Depois não venha até mim me pedindo calor.
  - Pode deixar que não vou mesmo.
  - Tem como parar de ser tão escrota assim?
  - Te como parar de ser tão infantil?
  - Lá vem você de novo com isso, engraçado mesmo é que você quase chora pedindo para eu ir mais devagar... se é que me entende.
  - É claro, parece que nunca viu mulher na vida.
  - Ou será que é você que nunca teve um homem na sua vida.. ou melhor, um homem desse tamanho?! Pensa bem. Fui."
Peguei minha jaqueta e fui para casa. No dia seguinte nós não nos falamos.
Eu não insistiria tanto se eu soubesse que ela realmente não gosta de mim, mas na verdade ela está apenas com medo de assumir o que sente, está com medo de dizer para os amigos dela que está apaixonada por um menino de 17 anos. Depois eu que sou infantil, vai entender.
Na noite do outro dia minha mãe e minha irmã foram viajar e minutos depois minha campainha tocou.

" - Oi, posso entrar?
Abri mais a porta, me virei e fui sentar no sofá para ver o jogo. Ouvi ela respirando forte e alguns segundo depois veio se sentar ao meu lado.
  - Podemos conversar?
Ela estava de vestido florido, sapatilhas, um pouco maquiada e com seus cabelos ondulados e castanhos soltos, e eu apenas vestindo calça de moletom, com meu cabelo penteado com a  mão.
  - Claro. -continuei olhando para a tv.
  - Preferia que diminuísse o volume e olhasse para mim.
Respirei fundo e desliguei a televisão.
  - Fala.
  - Queria... queria pedir desculpas por ontem.
  - UAL, Miranda Muller pedindo desculpas? devo estar dormindo.
  -  Eu percebi que não deveria falar com você assim porque isso não é a coisa mais madura a se fazer e dizer, até porque tenho 23 anos pelo amor de Deus...
  - Sinceramente, já tentou conversar com alguém sem mencionar algo relacionado a idade?
  - Não faço isso sempre!
  - Não? Então ou devo estar maluco ou você não deve ser ouvir.
  - E você sempre pronto para me agredir.
  - Não é porque você as vezes não fala diretamente  para mim, que não me agride.
  - Eu te agrido? vai fazer o que agora, chorar só porque eu falei que tenho 23 anos?
  - Ter 23 anos não é muita coisa quando se tem um cérebro de 10 e corpo de 16.
  Ela se levantou e apontou o dedo para mim.
  - Se eu tenho cérebro de 10 você tem de 3 né?! Como ousa falar assim comigo?
  - Não aponte o dedo pra mim, achei que pessoas da sua idade soubessem que isso é falta de educação e segundo sente porque se não terei problemas no meu pescoço e ele é muito precioso.
  - Cansei disso. Não dá para conversar com uma criança que adora ironizar tudo.
Ela se virou e foi andando em direção a porta.
  - Ué, vai fazer birra agora? vai ficar batendo o pezinho?
Ela parou e se virou.
  - Eu. Não. Estou. Fazendo. Birra. Moleque!
Fui andando rápido até ela, segurei ela forte pelos braços e olhei bem nos olhos delas.
  - Da próxima vez que me chamar de moleque pode dar adeus as nossas noites juntos.
Continuei olhando ela, dei um selinho e a soltei. Ela ficou parada na minha frente me olhando e então me agarrou e me deu um beijo. Não preciso dizer aonde isso parou.

Nós somos assim. Inconstante.
No dia seguinte ela veio de novo, nos amamos e ela saiu da minha casa brigada comigo.
No outro dia eu fui até a casa dela apenas de samba canção. Ela sorriu e nos amamos de novo.

" - É sério que você só está de samba canção?
  - Sim. Pra quê colocar muita roupa?
  - Exatamente.
Ela riu e me levou para o quarto. Um pouco mais tarde ficamos apenas deitados na cama
  - Já sabe o que vai fazer depois da escola?
  - Mais ou menos. Quero ser fisioterapeuta ou dançarino de boates.
  - Dançarino? -ela riu. - Você não tem jeito de dançarino.
  - Quem se importa? Eu sou gostoso. -Ela riu de novo.
  - Faz os dois. Vai ser um gogoboy com graduação. -Ela riu mais ainda.
  - Viu, eu sou um homem visionário - Nós rimos.
  - Sério, é isso mesmo que quer? Quero dizer, é isso que quer para "toda a sua vida"?
  - Na verdade eu quero outra coisa, algo que eu sei que vai durar "por toda a minha vida", mas preciso que você me ajude.
  - O que eu puder fazer, prometo que farei?
  - Quer namorar comigo?
 Ela ficou parada me olhando. Na verdade ela paralisou.
  - Olha... eu ... eu não quero ser rude nem nada, mas... acho que não é uma boa ideia.
  - Como assim não é uma boa ideia? Só porque brigamos? e daí, todos os casais brigam..
  - Não Julius, não é isso, é que... eu não acredito que...
  - Então você não quer namorar comigo?
  - Eu não acredito que vamos dar certo
  - Não vamos... já estamos dando certo.
  - Não é bem assim, não estamos nem perto do que é namorar.
  - Mais perto do que isso, impossível.
  - Você entendeu o que eu quis dizer, e isso é apenas contato físico. Não temos um contato sentimental tão forte assim .
  - Claro que temos, só você não percebe. Desde que nos conhecemos várias pessoas me disseram que devíamos namorar, mas eu resolvi esperar... para não te sufocar também.
  - Esqueci que tenho que montar um trabalho para a nova edição da revista, podemos conversar sobre isso depois?!
  - Claro, estarei te esperando.
Depois desse dia, ela me evitou de todas as formas possíveis e a desculpa era sempre o trabalho e os trabalhos da faculdade, até que eu não aguentei mais e esperei ela na porta da faculdade.
 - O que está fazendo aqui?
 - Esperando para conversar com você, você anda me ignorando...
 - Não é isso...
 -Não é isso?! eu não sou idiota Miranda, se você não quer namorar comigo tudo bem, agora seja essa mulher madura que você tanto diz ser e fale para mim, converse comigo normalmente e não fique me evitando como se eu fosse um garotinho apaixonado patético.
  - Tudo bem, você tem razão. Hoje a noite na minha casa. Agora preciso ir para o meu trabalho.

...

 - Oi julius, entre. Quer suco de abacaxi? faz bem para a saúde.
 - Não, estou evitando abacaxi por um tempo.
 - Ok.
Sentamos no sofá.
 - Eu não quero te pressionar a nada. Você não é obrigada a namorar comigo, basta ser sincera conversando comigo.
 - Eu sei disso, é porque você me pegou de surpresa e eu não sabia o que dizer a você.
 - Se não sabe, basta dizer sim ou não.
 - Você é um garoto incrível, e qualquer garota teria sor...
 - Prefiro o sim ou não.
 Ela ficou me olhando por alguns segundos.
 - Não, eu não quero. Porque não vamos dar certo.
 - Você não querer tudo bem, mas você não sabe se vamos dar certo ou não.
 - Somos bons entre quatro paredes apenas.
 - Porque você não deixa eu entrar em nenhuma outra parte da sua vida, por causa desse seu preconceito estúpido.
 - Não é por causa disso...
 - Não?! francamente Miranda, todos os meus e os seus amigos já notaram isso.
 - Então acredite no que quiser!!!
 Ela se levantou em um impulso. Eu levantei em seguida.
 - Tem como você parar com isso? eu estou conversando com você. Será que você não percebe que daríamos mais certo se você deixasse eu entrar na sua vida de vez. Será que você não percebe que eu te amo.
Miranda travou por alguns segundos e piscou várias vezes em seguida.
 - Preciso que você vá embora por favor.
Ela foi até a porta e abriu me esperando.
 - Então é isso? vai fugir novamente.
Ela ficou em silêncio e eu fui embora.
Mais tarde eu fiz a tal ligação pra ela, e prefiro não voltar nisso. No dia seguinte não fui para a escola e minha mãe antes de ir trabalhar sentou na minha cama olhando pra mim.
 - Isso tem a ver com nossa vizinha ?
 - Que? que vizinha?
 - Só um alienado não perceberia que rola algo entre vocês... só não me diga que vou ser avó porque não estou preparada para isso.
  - Não mãe.
  - Ah, que ótimo!
  - Está tão na cara assim?
  - Claro que está, vocês tem uma energia que dá para sentir de longe. E quando ela te ver, os olhos delas brilham e seu sorriso fica diferente.
  - Acho que você viu demais mãe.
  - Mãe nunca se engana filho.
  Sentei na cama ao lado dela.
  - Eu pedi ela em namoro e ela não aceitou, falou que não vamos dar certo, mas sei que ela tem bloqueio por eu ser mais novo.
  - Só por isso? mas que grande bobeira. Ela acha que tem 40 anos?
  - É o que eu penso também.
  - Bem, pelo o que vejo em vocês, ela ainda vai se arrepender e voltar atrás. Só espero que não seja tarde demais.
  Ela me deu um beijo na testa e foi embora. Voltei a dormir e só acordei  na hora do almoço com um cheiro vindo da cozinha. Quando eu cheguei lá, Miranda estava de avental preparando o almoço.
  - Como você entrou?
  - Encontrei com a sua mãe, conversamos no elevador e ela me deu uma cópia da chave. Fui para a faculdade e fiquei um tempo pensando em tudo isso e... resolvi voltar o mais depressa possível...
  - E preparar macarrão? -Ela riu-
  - Também, mas principalmente para me desculpar por ter mentido para você.
  - Em que exatamente?
  - Por ter dito que não te amava, é claro que eu te amo, e de acordo com a sua mãe está escrito na minha cara.
Fui até ela, e a dei um beijo.
 - Olá Julius, meu amor.
 - Olá Miranda, minha namorada.