sábado, 30 de abril de 2016

A poesia de nossas almas



Sim, mais uma vez eu estava atrasada, e não era novidade para ninguém. Sabe, eu tenho uma enorme dificuldade em sair de casa após o horário de almoço.
Fui correndo para não perder a vaga logo na primeiro encontro do grupo de poesias e afins. 
Sim, eu sempre amei ler, escrever e confesso que nunca gostei de expor isso, mas decidi que esse ano seria diferente, que na faculdade seria diferente. 
E lá estava eu, entrando pela porta tentando não fazer barulho e sentei rápido próximo a parede em direção a porta. Sorte a minha, a coordenadora do grupo tinha acabado de chegar também. Ela se ajeitou e pediu para fazermos uma roda, e lá fui eu, virar minha cadeira para fechar o círculo e sentei novamente. Foi quando congelei.
Começou a tocar: 
"Loving you is easy 'cause you're beautiful
And making love with you is all I wanna do
Loving you is more than just a dream come true
And everything that I do, is out of loving you


la la la la la, la la la la la"

Não na sala, mas na minha cabeça. E o que aconteceu assim que me dei conta de que estava bem em sua direção? congelei! E não foi aquele congelamento que se disfarça virando a cabeça ou deixando o olhar "vagar" por ai. Não dava para negar, eu vi seu rosto sem graça. Assim que você virou a cabeça, eu percebi o que tinha feito. Sequei toda a água do seu corpo com meus olhos imensos, mas talvez você tenha pensado que eu era uma versão atualizada da medusa - devido aos meus dreads e meu olhar focado - e tenha tentado sair da armadilha.
Devo assumir meu preconceito, não imaginava ver o garoto - meu crush - que esbarrei duas vezes na biblioteca e estava lendo sobre física, matemática e afins, fosse gostar de escrever e recitar poesias. Perdão por isso. 
A coordenadora do grupo começou a falar sobre ela e suas experiências que a fizeram chegar até aonde está e eu lá, pensando em tantos livros de poesias e textos lindos que poderiam estar escondidos atrás da faixada dos livros de exatas... nossa, cada dia me surpreendo mais em como o mundo é pequeno.
A coordenadora começou a fazer a chamada e então descobri que seu nome era Ivan. Nem precisei anotar, impossível esquecer o nome do dono doa olhos castanhos mais lindos. 
Claro, não pude deixar de notar seus olhos fingindo não me olhar [ aquele olhar "vagando" para disfarçar] quando eu disse presente, agora você já sabe o meu também, Ayla. Depois de muito papo da sala, de muitos assuntos e olhares desconfortáveis eu fui recitar minha poesia. Respirei fundo, tentei não olhar pra você pois iria me perder. Assim que abri o papel, descobri a tinha escolhido logo a poesia em que você era citado, fiquei desconfortável, mas comecei a ler até chegar na parte anterior a sua citação, dei uma pausa longa demais e continuei: "...Estava refletido em seus lindos olhos castanhos a minha alma nua. Era incrível como meus olhos congelavam em cima dos seus, como se você pudesse ler minha mente, minhas entrelinhas e toda minha confusão. talvez em que seus livros de exatas, você tenha aprendido a exatidão desse olhar, para atingir diretamente o meu coração." 
Tentei disfarçar, mas não pude deixar de olhar tua reação. Vi você abaixando a cabeça, mordendo os lábios, negando sorrir. Então chegou sua vez de recitar. Confesso que no início estava focada em seu rosto, seus olhos, se sorriso, até que você disse: "...Como Medusa, você me manipula com seu olhar fatal. Controla o brilho dos meus olhos, o tamanho do meu sorriso e o corar de minha face. Peço, ou melhor, imploro a ti que dá próxima vez em que nos esbarramos, você não vai controlar minha boca para que eu possa falar com você e muito menos meu corpo para que eu possa encostar ao teu, ou ao menos chegar perto e sentir essa ondas eletromagnéticas me envolver e me petrificar eu teus lábios, perdão, em teu braços"
Pude ver você me olhando com suavidade e rapidez, escondendo novamente o sorriso. Durante o restante das recitações, tentamos não nos olharmos muito, acredito que para não corremos o risco de congelarmos novamente. 
Confesso que fiquei triste ao ver você sendo um dos primeiros a sair da sala, mas respirei fundo e prometi não me chatear, então sai e te vi na entrada na lanchonete e começou a vir em minha direção com dois sorvetes na mão. Você chegou perto, me deu o sorvete e disse: "Espero que seja a última coisa que congele nossas bocas" 

"la la la la la, la la la la la...
Loving you,I see your soul come shining through,
And everytime that we, oohh..
I'm more in love with you.

"la la la la la, la la la la la...

segunda-feira, 14 de março de 2016

Contemplar


Até o vento se cala quando ouve o som da sua voz.
Doce. Delicada.
Ele se cala e dando voltas entorno de você.
Balançando seu cabelo.
Fazendo exalar teu perfume.
Essência de paraíso.
Consigo olhar os pássaros a te observar.
Todos reunidos.
Contemplando a beleza que é a tua voz.
Risonha. Cantante.
Perdoe-me por não prestar atenção em tuas palavras.
Eu tentei.
Juro que tentei.
Mas teus lábios...
Se mexem tão len ta men te pra mim.
Tenho certeza que me cérebro fez isso comigo.
Imploro a mim mesmo que me deixe prestar atenção em sua palavr..Olhem essa risada.
Que ela acabou de dar.
Perdão mais uma vez.

Algo me diz que devo te interromper.
O mundo está começando a sentir falta do vento.
Dos pássaros.
Do sol.
Da lua.
Da alegria.
Do amor.
Você sorri mais uma vez.
Eles se vão.


*imagem google

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Já vou descer.


Mesmo sem querer e sem razão, o vento fez questão de me lembrar que já eram 5 da manhã. Foi então que eu percebi que tinha pegado no sono e no meio da bagunça que tinha feito em minha cama na noite anterior. É claro que não tive forças para fechar a janela. De uma certa forma foi até bom, porque "aparentemente" também não tinha ligado o despertador (fica aqui registrado meus agradecimentos ao vento).
Era segunda-feira e o dia já não começava bem, eu estava atrasada. Claro que como qualquer pessoa otimista eu esperava que o dia fosse melhorar, mas para o meu azar estava sendo o dia mais longo e sem graça da minha vida...
E lá estava eu, voltando às 18hrs para casa e consegui um lugar no ônibus (melhor coisa do dia), fechei os olhos devido ao cansaço e me entreguei nos braços de morfeu. Na metade do caminho, abro os olhos e vejo um belo e atraente homem em pá, ao lado da poltrona do ser que separava a gente. Óbvio que pisquei os olhos para saber se era real, abaixei a cabeça e tentei dar um jeito no meu rosto. Pensei: " Agora já é tarde, ele já te viu dormindo e provavelmente de boca aberta." Levantei a cabeça, esperei alguns segundos tentando recuperar a pouca dignidade que tinha e notei que ele estava de mochila e uma mala em mãos. Na mesma hora tentei puxar um brilho no olhar, chamar o sorriso (mas na verdade se não saísse com cara de psicopata já estava no lucro), e perguntei: "Quer que eu (sorriso/brilho nos olhos) segure sua mala?". Ele com toda sua beleza e carisma, sorriu para mim, olhou em meus olhos e disse: "Muito obrigado (sorriso encantador/matador), mas já vou descer no próximo ponto". E assim ele se foi.






imagem: tumblr/google